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A CRISE EM PORTUGAL

A CRISE EM PORTUGAL

Á CRISE EM PORTUGAL!

Uma das características mais marcantes dos portugueses no período de imigração é o saudosismo, e uma vontade imensa e declarada de um dia retornar a sua terra natal. Mais então por que imigrar? Essa é a resposta que procuraremos encontrar e também verificar outros fatores, como por que o Brasil foi quase que o destino exclusivo dos portugueses. No primeiro grande momento de imigração a característica mais marcante desse português, é o homem, jovem que acaba por nunca se esquecer de Portugal, alem dos diferentes motivos que faziam com que os portugueses escolhessem vir ao Brasil Joaquim da C. Leite afirma que os principais motivos “era os que imigravam com a finalidade de obter uma carreira profissional, os que emigravam para adquirir uma poupança, e os que emigravam para fugir de uma situação de crise”.

 A partir do final da década de 1850 o capitalismo que estava se introduzindo no meio agrícola português, que prejudicou o pequeno proprietário e favoreceu a grande agricultura comercial, o Estado estimulava a mecanização e transformação do campo. As partidas legais de Portugal comprovam que haviam uma grande “fuga” por parte dos pequenos camponeses do norte, de 1866 á 1871,á media anual de saídas autorizadas não passavam de 10 mil almas, mais a partir de 1872 ao final da década de 80 elevam-se para 17 mil almas, e em 1888 chegando a 20 mil.

 A crise em Portugal, á abolição da escravidão no Brasil (apesar de serem processos simultâneos são diferentes) fazia com que o Brasil abra seus braços para o campo português que “expulsava seus filhos”, e também como a indústria na cidade portuguesa não conseguia absorver esse excedente fez com que a imigração se tornasse uma saída favorável para fugir da crise. O crescimento populacional pressionou o campo português para produzir alimento aos seus conterrâneos, e para atender a essa demanda a mecanização do campo aparece como uma grande saída e seus reflexos serão devastadores para o pequeno camponês de Portugal, os enclosures mudaram a política de acesso a terra e fez com que criassem unidades econômicas para criar os grandes monopólios, Essa política fez com que os camponeses perdessem direito as terras, e fazendo com eles fossem forçados a trabalhar para outros (donos dos monopólios), e com a mecanização do campo apareciam poucos trabalhos a disposição do camponês, resulta disso uma enorme miséria e fome principalmente no norte de Portugal por perderem suas terras ou terem um acesso limitado.

 Alem disse a imigração dos portugueses do norte afetou os latifúndios do sul, pois os donos das propriedades utilizavam a mão de obra do norte nos momentos de colheitas, e a partir do ano de 1872 as graves nas cidades principalmente em Lisboa, fez com que a imagem dos poucos atrativos da cidade fossem destruídos, e seguido do “perigo” e prejuízo do serviço militar para a população rural, que afastava o trabalhador da sua única fonte de renda, o campo, a imigração representava também uma tentativa de fuga de “infeliz” obrigação. Em 1890, cerca de 50% do orçamento do governo estava comprometido, por causa da divida publica, agravando mais a situação dos camponeses e do país. Com o passar do tempo o problema de Portugal só aumentava e a imigração se tornava cada vez mais uma regra, se pegarmos os anos de 1875 á 1890, a saída de lusos atingiu 270,000 pessoas, já em 1891 á 1907 aumentou mais ainda para 400.000 pessoas, e grande parte desses portugueses eram das regiões do norte. As tentativas do governo de barrar a imigração eram cada vez menos eficaz, e se compararmos Portugal com a cidade do Rio de Janeiro vemos que a situação lusa era bem mais grave, no livro “Imigração Portuguesa no Brasil” a autora Eulália Maria aponta que “a elevada taxa de mortalidade média no Rio de Janeiro era de 17 por 1.000 de 1903 á 1905 era menos problemática do que em Portugal onde a taxa era de 21 por 1.000 no mesmo período, ou seja a dificuldade de acesso a terra, a limitada oportunidade de trabalho, os baixos salários, as precárias condições de vida e de saúde publica, o risco do serviço militar e os atrativos que o Brasil “colocava” a disposição, faziam os portugueses apostar nessa mudança de vida.

 E o “empurrão” que falta veio com a criação dos barcos a vapor “em 15 de janeiro de 1851 entrava no porto de Lisboa o primeiro paquete da Royal Mail Steam Packet Company também conhecida como a Mala Real Britânica, que tinha como destino á América do Sul”, esse barcos que serão caracterizados por serem regulares, rápidos e “confortáveis” vão ganhar a confiança dos portugueses e do mundo, e iniciaram uma era migratória.